sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Começa hoje a XIV Feira do Livro em Belém

Começa hoje a XIV Feira do Livro em Belém


A Feira quer 600 mil visitantes no Hangar a partir desta sexta

Apesar da agitação intensa na manhã de ontem, o Pavilhão de Feiras do Hangar ainda experimentava um resquício de silêncio que não será ouvido pelos próximos dez dias. Carpinteiros, pintores, decoradores, fiscais, vendedores, funcionários de depósito – todos voltavam-se aos últimos detalhes em cada um dos 178 estandes erguidos no espaço na última segunda-feira. Desde então, doze horas diárias de trabalho para que tudo estivesse pronto na noite de hoje. Às 18h, o espaço enfim abre as portas para mais uma Feira Pan-Amazônica do Livro, que aguarda um público superior a 600 mil pessoas.

A décima quarta edição do evento é lançada em meio a críticas relacionadas à sua programação cultural – que inclui, por exemplo, a apresentação da banda baiana Timbalada. Investindo em uma programação musical de apelo popular, a organização da feira - que é hoje o terceiro maior evento literário do Brasil - parece mesmo empenhada em superar a marca de 500 mil visitantes registrados no ano passado, quando homenageou a França.

Voltando os olhos ao continente africano, o evento desta vez reverencia não um, mas cinco países – em uma iniciativa inédita: Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Angola, onde se fixou a língua portuguesa. E se a ideia é celebrar a riqueza da cultura negra, não haveria nome mais apropriado que o do poeta Bruno de Menezes para patrono do evento. Inquieto, reflexivo e insubmisso, o escritor cantou em seus poemas as riquezas de uma tradição afro-brasileira já quase esquecida, em uma produção considerada vanguardista em plena década de 1920. “É uma justa e tardia homenagem”, disse Carlos Henrique Gonçalves, diretor de Cultura da Secult, em entrevista coletiva realizada ontem no Centro de Convenções.

ENCONTRO

“Mais do que um encontro do leitor com o livro, a feira é o encontro do leitor com o escritor”, discursou o secretário de Cultura Cincinato Marques Jr. No entanto, apesar de homenagear a África em sua 14ª edição, o evento não contará com a presença de nenhum escritor africano – o que, segundo a organização da feira, é fruto de uma incompatibilidade de agendas.

“Fizemos diversas tentativas junto às embaixadas e o Ministério das Relações Exteriores. Queríamos trazer o escritor Mia Couto, por exemplo, mas não foi possível. Em contrapartida, garantimos a presença de vários acadêmicos de Cabo Verde, Moçambique e Angola, através da parceria com a Casa Brasil-África”, disse o titular da Secult. O embaixador da República de Cabo Verde no Brasil, Daniel António Pereira, escritor, também marca presença.

A abertura oficial acontece logo mais, às 18 horas, seguida pelo show da Timbalada, com início previsto para as 21 horas. Uma das inovações deste ano se refere ao acesso às atrações musicais do evento: para assistir aos shows que acontecem no deck do Hangar, é necessário trocar o ingresso por um livro infantil, que será destinado a uma biblioteca pública. A troca será feita diariamente, a partir do horário de abertura da feira, às 10h, exclusivamente para o show da noite, em um posto de troca na entrada do pavilhão de feiras. É importante frisar que serão disponibilizados apenas dois ingressos por RG e que não serão aceitos livros usados.

CULTURA DIGITAL

A XIV Feira do Livro tem um espaço dedicado à cultura digital: serão oito oficinas ministradas por integrantes do Pontão de Cultura Poraquê, de Santarém, no Baixo Amazonas, e outras oito realizadas pelo Ministério da Cultura, além de um seminário, todos abordando a relação entre cultura digital e literatura, inclusive no que concerne à construção do texto digital.


Fonte: Diário do Pará

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