quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dengue tipo 4 é a nova ameaça para os paraenses

“O vírus da dengue tipo quatro pode chegar ao Pará, caso os órgãos de vigilância não sejam efetivos”. A afirmação é do pesquisador do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos. Segundo ele, todos os Estados do país estão suscetíveis à doença, por conta do grande fluxo de pessoas dentro do Brasil. “Aqui as pessoas têm o costume de se movimentar de um Estado para o outro a trabalho ou passeio e se saírem doentes ou em período de incubação, o vírus pode chegar aos outros Estados”.

O pesquisador explica que o período de incubação acontece nos seis primeiros dias após a picada do mosquito e antes da manifestação dos sintomas da doença. É nesta fase que o vírus circula pelo sangue, portanto, se a pessoa com a doença for picada, o mosquito infectado fará novas vítimas da dengue. “Nós temos também várias entradas da doença, porque o vírus tipo 4 circula na Guiana Francesa, Venezuela e Equador, por isso temos chances enormes. É preciso que a vigilância seja muito severa na questão da eliminação dos criadouros, principalmente”.

O isolamento viral nas residências é um fator que colabora na redução dos casos. A falta de consciência da população também foi citada pelo pesquisador. Ele conta que a dengue precisa do mosquito para ser transmitida. “Se não existir criadouro não teremos o mosquito, e por consequência, não teremos a doença”.

Vasconcelos afirma que a doença poderia ser controlada, mas é preciso que “as pessoas que sabem o que fazer realizem a prevenção dos

criadouros”. Ao afirmar isto, o pesquisador se refere à falta de atuação da administração pública. “Falta saneamento básico, o serviço do fornecimento de água sofre muitas intervenções, o que faz com que as pessoas armazenem água, e a coleta de lixo não é bem feita. Esses fatores colaboram para a formação dos criadouros”.

Além das águas paradas nas residências, Vasconcelos orienta também a população a ficar atenta aos terrenos abandonados, que são locais de grande acúmulo de criadouros do mosquito.

Dos municípios paraenses, as maiores incidências de dengue foram registradas, em 2010, em Belém (2.856 casos), Altamira (1.468 casos) e Ananindeua (609 casos).

RORAIMA

O Instituto Evandro Chagas de Roraima já confirmou nove casos no novo tipo de dengue. Vasconcelos conta que entre os casos da doença os mais apresentados foram os tipo 1, 2 e 4. A diferença do vírus é identificado por cultura ou exame biológico molecular. “É diferente da sorologia, na qual aponta apenas se é dengue. Por isso estamos fazendo a vigilância”.

Entre as situações apresentadas em Roraima, os pacientes tiveram apenas os sintomas febris. A dengue hemorrágica é mais comum entre os sorotipos dois e três da doença. “O que acontece com o tipo quatro é que a população está mais suscetível, portanto, a doença pode se disseminar mais rápido”.

As pessoas que apresentaram a doença eram moradoras de um bairro central Boa Vista, mas também alguns casos em localidades periféricas. “Isso mostra que a dengue quatro não está só em um lugar”.

SINTOMAS

Embora o vírus 4 seja de um tipo diferente, os sintomas são os mesmos dos outros: dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, dor atrás dos olhos, diarréia, vômito, entre outros. O protocolo de tratamento também é o mesmo

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